Como a Amazon está mudando as tecnologias para o mercado financeiro
Por Bruno Zago
11 abril 2019 - 09:05 | Atualizado em 12 abril 2023 - 18:48
O toque de Midas de Jeff Bezos, criador e CEO da Amazon, surpreende empresários e empreendedores de todo o mundo. Empresa precursora de iniciativas que levam à transformação digital, ela faz parte, no mercado de ações da Nasdaq, do grupo FAMGA, sigla que descreve as cinco gigantes da internet: Facebook, Apple, Microsoft, Google e Amazon.
E depois de colocar em prática o conceito de marketplace e popularizar a utilização de cloud computing, o próximo passo parece ser a fusão definitiva entre varejo e serviços bancários.
Você sabe o que a Amazon anda fazendo na área de serviços financeiros? Então continue a leitura deste post para descobrir!
Uma breve história da Amazon e sua relação com a transformação digital
A Amazon começou em 1994 como a primeira loja de ecommerce dentro de uma garagem e já no primeiro mês do seu funcionamento tinha pedidos de todos os estados dos EUA. No segundo ano de empresa eram 2,5 milhões de livros no catálogo!
O segredo do rápido sucesso foi a visão estratégica do fundador Jeff Bezos, que fechou acordos com atacadistas e distribuidores de todo o país. Isso garantia estoque e que o produto chegasse rápido ao destino.
No ano 2000 foi a vez da criação do conceito de marketplace. O serviço, que até hoje fornece espaço no site para que varejistas possam anunciar seus produtos, garante à Amazon uma taxa sobre as vendas.
A empresa sobreviveu ao estouro da bolha da internet no início dos anos 2000, muito graças à capacidade empreendedora de seu criador. Pensar fora da caixa é obrigatório na empresa, que lançou produtos de sucesso como o serviço de streaming de vídeo Amazon Prime Video e também a AWS (Amazon Web Services), que oferece serviços de computação em nuvem.
Em 2018, foi a segunda empresa do mundo a atingir a marca de US$ 1 trilhão de valor de mercado. Já em 2019 a Amazon se tornou a empresa mais valiosa do mundo, ultrapassando a Microsoft.
Conheça as iniciativas da Amazon de transformação digital em serviços financeiros
Além de todas as inovações citadas no tópico anterior, uma das próximas apostas da Amazon é transformar completamente a maneira como se conhecem os serviços financeiros hoje. E as estratégias são diversas, prometendo impactar o processo de transformação digital de diversas outras empresas, inclusive ameaçando a hegemonia de grandes e tradicionais instituições financeiras.
O foco da estratégia da Amazon é oferecer serviços para facilitar a vida dos clientes, inclusive para um público até então ignorado ou invisível, o que não possui contas bancárias. De pagamentos a empréstimos, a empresa está atacando serviços financeiros de todos os ângulos sem a preocupação de não ser um banco convencional.
Como resultado, a empresa construiu e lançou ferramentas que visam:
- Aumentar o número de empresas que vendem na Amazon e permitir que cada uma delas venda mais;
- Aumentar o número de clientes na Amazon e permitir que eles gastem mais;
- Melhorar a experiência tanto de compra como de venda;
- Garantir que todos tenham acesso aos meios digitais de compra.
Paralelamente, a Amazon fez vários investimentos em fintech, principalmente focados em mercados internacionais (Índia e México, entre outros), onde os parceiros podem ajudar a atender ao objetivo estratégico central da Amazon.
Confira, abaixo, 5 iniciativas da Amazon:
1. Amazon Pay
A Amazon investiu agressivamente em infraestrutura e serviços de pagamentos nos últimos anos. O objetivo é um só: tornar os pagamentos mais eficientes e sem atritos para os clientes.
O Amazon Pay (ainda não disponível no Brasil) hoje é uma carteira digital para clientes e uma rede de pagamentos para comerciantes. E a empresa cada vez mais está encontrando maneiras de atrair comerciantes para a rede.
Uma delas é o anúncio do repasse de descontos para os varejistas que adotam o Amazon Pay. Alavancar a escala e competir em taxas é uma estratégia clássica de aquisição de clientes adotada pela empresa.
O Amazon Pay é o resultado de 10 anos de testes, foram dezenas de tentativas até que se chegasse ao serviço que hoje é utilizado em diversos países do mundo.
2. Amazon Cash
O programa Amazon Cash, que também não está disponível no Brasil, foi lançado em abril de 2017. O sistema permite que os clientes depositem dinheiro, sem taxas, em uma conta digital exibindo um código de barras (impresso ou digitalmente) em caixas de autoatendimento ou estabelecimentos parceiros.
O Amazon Cash se encaixa perfeitamente na estratégia da Amazon de atrair as populações sem banco. Os clientes não precisam de uma conta bancária ou de um telefone para abrir uma conta, apenas acessar a Internet e uma impressora.
O programa Amazon Allowance, que foi lançado em 2015 e permite a criação de uma conta digital para que crianças comprem na loja da Amazon, agora encontra-se vinculado ao Amazon Cash, recebendo os valores depositados pelos pais da criança.
3. Amazon Lending
A Amazon já estava presente em tecnologias que permitiam pagamentos e armazenamento de dinheiro, agora faltava apenas uma, a de empréstimos.
O Amazon Lending foi lançado nos Estados Unidos em 2011 para ajudar pequenas empresas a financiar e vender mais produtos na Amazon. Em março de 2018 a iniciativa foi expandida por meio de uma parceria com o Bank of America para emitir mais empréstimos com valores entre US$ 1 mil e US$ 750 mil.
A Amazon continua focada no crescimento da participação de mercado fora dos EUA. Tanto que a empresa também está explorando oportunidades para expandir seus empréstimos para a Índia e o México por meio de parcerias com bancos locais, semelhante à realizada com o Bank of America.
4. Amazon Go
Em 2018, a Amazon decidiu que seus empreendimentos também passariam a operar além da internet. E foi com o Amazon Go que a gigante do e-commerce expandiu seu negócio para o meio físico.
A novidade em si não está no fato do estabelecimento pertencer a Amazon. O advento financeiro envolvido nessa tecnologia consiste na dinâmica de pagamento que envolve o consumidor.
Ao entrar no estabelecimento, o cliente registra a sua presença utilizando o aplicativo da Amazon que lê o QR code da catraca. O cliente escolhe os produtos que deseja comprar e simplesmente vai embora, sem passar por filas ou por atendentes.
Os estabelecimentos contam com câmeras que utilizam inteligência computacional para identificar os clientes e os produtos selecionados. Logo, todos os produtos escolhidos pelo cliente são inseridos em sua conta da Amazon. Tudo isso acontece sem nenhuma interação do cliente.
Em fevereiro de 2020 a Amazon expandiu seu negócio físico para o Amazon Go Grocery, estabelecimento físico que conta com um maior número de produtos, como alimentos frescos, higiene, cuidados pessoais e rações para animais.
O Amazon Go Grocery conta com um sistema mais inteligente, que identifica quantidades de itens, permitindo que o cliente compre por exemplo “6 batatas e 8 laranjas”, já o Amazon Go trabalha somente com alimentos empacotados.
Todas as iniciativas acima revelam que a Amazon não está construindo um banco tradicional que serve a todos. Em vez disso, a empresa tomou os principais componentes de uma experiência bancária moderna e os está ajustando para atender aos clientes da Amazon, tanto quem vende como quem compra.
5. Cartões vinculados à conta Amazon
Ao longo dos últimos 5 anos a Amazon lançou uma série de cartões em parceria com empresas crédito, como Visa, Chase e Synchrony, com o objetivo de eliminar a intermediação de bancos.
Além da ausência de contas bancárias, a Amazon foi pioneira na utilização do modelo cashback, que permite o retorno de uma pequena porcentagem do valor, gasto diretamente na conta da Amazon, para que possam ser gastos com produtos da loja. Os cartões são:
- Amazon Prime Store: Primeiro cartão, em parceria com o Synchrony Bank, oferece 5% de cashback em compras na Amazon;
- Amazon Store Card: Oferece descontos exclusivos, porém não conta com cashback;
- Amazon Prime Rewards Visa: Em parceria com a Visa, o cartão oferece 5% de cashback na Amazon, Whole Foods (adquirida pela Amazon em 2017), 2% de cashback em restaurantes, drogarias e postos de gasolina e 1% nas demais compras;
- Amazon Visa: Funciona como a versão Prime, exceto pelo fato de oferecer 3% de cashback na Amazon;
- Amazon Reload: O Gift Card é um cartão de débito recarregável que oferece 2% de cashback na loja da Amazon.
- Amazon Credit Builder: Programa criado em parceria com o Synchrony Bank que facilita o aumento de crédito de clientes que não possuem conta bancária.
Os planos futuros
É claro que a Amazon não para por aí, pois contam com planos audaciosos para o futuro próximo. A empresa possui projetos que caminham paralelamente aos adventos da transformação digital.
O que podemos esperar da Amazon para os próximos anos:
- Expansão mundial: Aproveitando o crescente fenômeno da globalização, a Amazon tende a expandir suas tecnologias para o mercado financeiro em uma escala global, impactando todas as pessoas que desejarem usufruir de seus serviços.
- Venda de imóveis e seguros residenciais: A Amazon já está em testes para atuar na intermediação de vendas de imóveis, modernizando o setor, possibilitando créditos aos compradores e bonificação em produtos de uso doméstico.
- Contas bancárias completas: A Amazon tende a trazer cada vez mais novidades para a forma com que as pessoas lidam com seu dinheiro e já há informações à respeito da nova estratégia da Amazon de criar uma conta corrente com todas as funcionalidades esperadas, visando alcançar o público que ainda não possui uma conta bancária.
- Utilizar a Blockchain: A tecnologia por trás das criptomoedas tem chamado bastante à atenção da Amazon, então não é de se espantar que a utilização de tokens modernize as tecnologias da empresa, permitindo pagamentos instantâneos em escala global, com uma moeda única.
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