O que a China tem a ensinar quanto a serviços financeiros?
Por Leonardo Reis Vilela
14 março 2019 - 18:02 | Atualizado em 12 abril 2023 - 18:05
A China é uma nação que sempre surpreendeu. Sua história, tradições e a devoção por religiões como confucionismo e taoísmo. A tradição de artes marciais como Kung-fu e Thai Chi Chuan. Sabia que o papel moeda foi inventado lá? No ano de 960 ele já existia, sendo que na Europa só passou a ser utilizado no século XVII.
O comunismo chegou em 1949 e o líder Mao Tsé-tung praticamente fechou as portas da nação para o mundo, situação que começou a ser revertida no final do século 20. A globalização começou, ficou e cada vez mais surpreende a todos.
Seja com disrupções na construção civil, indústria automobilística ou bens de consumo como celulares: a transformação digital chegou com força por lá.
E essas mudanças também incluem novas tecnologias para o mercado financeiro. O que os chineses estão fazendo hoje surpreende até os mais céticos. Quer conhecer os movimentos atuais quando o assunto é TI para Finanças e como as iniciativas chinesas podem ensinar o Brasil? Continue a leitura deste post.
Um panorama da transformação digital na China
A ascensão e popularização da Internet foi o grande motor para a transformação digital da China – como em todos os outros países. À medida que as empresas adotaram novas tecnologias, elas ganharam a capacidade de simplificar tudo. Desde o desenvolvimento de produtos e o gerenciamento da cadeia de suprimentos até vendas, marketing e interações com clientes.
O aumento da digitalização está forçando empresas de todos os setores a repensarem suas operações e se tornarem mais centradas no cliente. Os executivos chineses já estão tomando decisões que podem afetar radicalmente o modo como suas empresas fazem negócios.
Muito disso acontece pois o mercado é totalmente conectado, o que estimula a experimentação contínua dos consumidores. Em 2018, a China tinha 800 milhões de usuários da Internet, mais do que a União Europeia e os Estados Unidos juntos.
Além da escala, é o entusiasmo pelas ferramentas digitais entre os consumidores que apoia este crescimento e facilita a rápida adoção de novas ferramentas de transformação digital.
O relatório “A transformação digital da China: o impacto da Internet na produtividade e no crescimento”, realizado pelo McKinsey Global Institute, projeta que novos aplicativos de Internet serão capazes de fazer crescer entre 7 a 22% o PIB da China até 2025.
A China é o maior mercado de comércio eletrônico do mundo. Somente a gigante Alibaba vendeu em um dia o equivalente a US$30 bilhões! E, de acordo com uma pesquisa da Cisco, 89% dos entrevistados chineses disseram usar aplicativos de compras independentes em um smartphone pelo menos uma vez por semana. Em comparação com 34% dos entrevistados nos EUA.
O potencial disruptivo da TI para Finanças na China
A tradição chinesa em relação à economia não se faz presente apenas com o papel moeda. O ábaco também é uma invenção de matemáticos deste País. E uma união de fatores coloca a China na vanguarda da tecnologia financeira: avanço econômico, comportamento dos investidores, tecnologia móvel, big data, liberalização do setor financeiro.
Os consumidores chineses adotaram prontamente a tecnologia financeira. São serviços bancários online, transferências de dinheiro, pagamentos, crowdfunding, empréstimos, investimentos e seguros.
E, ao contrário do Ocidente, onde muitas pessoas ainda têm receio de acreditar na solidez de instituições online, por lá a realidade é diferente. Poupadores e investidores não hesitam em confiar em empresas iniciantes de serviços financeiros.
Na China os serviços financeiros tradicionais são voltados para a população com melhores condições financeiras. O que acabava sendo uma barreira para as vendas da Alibaba, já que muitos não tinham cartão de crédito.
O que aconteceu? A empresa acabou criando o Alipay, uma espécie de PayPal chinesa, dando à população acesso a uma plataforma de pagamento online que permite comprar tudo o que precisa direto no celular.
Por detrás do Alipay está a Ant Financial, braço financeiro da Alibaba. E se tudo na China é grande, por que eles também não teriam a maior fintech do mundo? A empresa foi avaliada em US$ 150 bilhões, mais do que instituições financeiras tradicionais como BNP Paribas, Goldman Sachs, Morgan Stanley e Credit Suisse.
E uma última rodada de investimentos, realizada em junho de 2018, garantiu mais um aporte de US$ 14 bilhões. Além do Alipay a Ant Financial tem um banco, um braço de seguros, uma vertente de empréstimos para pequenos negócios e um sistema de classificação de crédito, a Sesame Credit.
O caminhos dos pagamentos móveis também foi tomado pelo WeChat, o Whatsapp chinês. O aplicativo reúne, além de rede social, a possibilidade de fazer pagamentos em restaurantes e mercados: um leitor de QR code lê o código do vendedor e o valor é debitado de maneira automática.
O fato é que a tecnologia para o mercado financeiro permitiu um escalonamento, tornando economicamente viável a abordagem das massas, particularmente dos vastos mercados geograficamente remotos.
Quer outro exemplo? Uma variável única que estimula a demanda por serviços como a transferência de remessas é a do público em potencial formado pelos trabalhadores migrantes rurais. Eles somam 287 milhões de pessoas, de acordo com o Departamento Nacional de Estatísticas.
E até 2020 o governo do país planeja investir mais de US$ 320 bilhões em infraestrutura de internet de banda larga. O que levará ainda mais oportunidades para áreas rurais que não possuem redes bancárias estabelecidas.
Movimentos rumo à transformação digital
As fintechs realmente lideram a transformação digital na China. Mas, como em outros países, as instituições tradicionais chinesas também estão desenvolvendo internamente soluções disruptivas ou adquirindo fintechs de mercado.
Muito disso é possível pois as regras regulatórias chinesas estão sendo facilitadas, colocando por terra as dificuldades de investimento dos bancos comerciais em empresas de tecnologia.
O resultado? A eliminação de processos engessados de middle e back office como gerenciamento de riscos, supervisão de conformidade, geração de relatórios, negociações e liquidações de transações, entre outras funções operacionais.
A China realmente não é mais a mesma. Uma das maiores potências mundiais quando o assunto é crescimento econômico, suas fintechs e ecossistema inovador têm muito a ensinar ao mercado brasileiro quando o assunto são tecnologias disruptivas e a transformação digital. Seja a maneira como se lida com o dinheiro ou seu ecossistema inovador, os CIOs brasileiros do mercado financeiro precisam ficar ‘de olho’ no que acontece do outro lado do mundo.
É mais do que necessário ser influenciado por este tsunami de práticas disruptivas! Para isso é necessário ter ao lado um fornecedor que esteja preparado para acompanhá-lo nesta nova jornada, um parceiro de tecnologia que entenda a necessidade específica de cada negócio dentro da indústria financeira.
Quer conhecer melhor tudo o que essa empresa precisa ter? Então comece a ler, agora mesmo, este post!
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